Graduado em universidade pública, aprendi a dizer em todo término de apresentação do SIC – Seminário de Iniciação Científica, o meu “muito obrigado” a UDESC e ao CNPq. Onde ecoava repetidamente o encerramento padrão: “pelo ensino público e de qualidade”. De fato, ambos foram insumos importantes para minha formação.
O meio influenciou-me a pensar que o público era a melhor forma de ensino ao tratarmos de graduação e pós graduação. Discentes e docentes corriqueiramente menosprezavam o ensino privado, com maior tenuidade o noturno. Quanto ao EAD? Vixi! Tratado com motivos de chacota.
Somos aquilo que vivemos. A vida trouxe-me um olhar plural. O tapa de luva recebi ao ministrar a primeira aula em universidade privada e noturna. Fiquei boquiaberto! Conto seguidamente este acontecimento em eventos. Esperava o tédio das aulas que ministrei no ensino público durante a disciplina de Docência orientada. Feliz engano!
A docência orientada é uma disciplina do programa de pós (mestrado e doutorado) onde o pós graduando ministra aulas para a graduação ao longo do semestre. Sendo o primeiro contato de muitos de nós com a responsabilidade de guiar a construção do pensamento – ensino.
A minha primeira aula como professor no ensino público foi marcada pela experiência de cinco horas-aulas consecutivas de Fitopatologia agrícola. Todo empolgado, cheio de cacoetes, alguns que trago até hoje e uma vontade imensa de aprender ensinando.
Minutos depois percebi que seria um monólogo. Tão monótono para mim quanto aos presentes. Recordo de um único aluno participando de forma eventual. Um tédio, ao menos pra mim foi!
Avesso engano ao recordar a mesma experiencia no setor privado. Meu semblante brilha ao recordar das aulas que ministrei na IDEAU de Passo Fundo – RS. O mérito foi dos alunos. Turmas enormes, beirando 50 pessoas por disciplina, com a maioria massiva constituída de trabalhadores do período diurno. Técnicos, operadores de máquina, produtores rurais, vendedores… estes eram os perfis!
Descobri o olimpo. A mistura de calda perfeita e sem fito. Pessoas engajadas que sanavam as dúvidas de suas profissões no dia a dia da sala de aula. Sobrava interesse e compromisso com o Agro. Não tínhamos a mesma carga horária, estrutura física e corpo docente. Ah! Nem a mesma motivação, felizmente!