Diagnose de doença não parasitária em soja

José de Alencar Lemos Vieira Junior1

  1. Consultor Rota Agrícola, Palestrante Fito Agrícola – RS, Professor do Programa de Pós Graduação UNOESC -SC

Na safra 2018/19, destaca-se a quantidade de relatos de produtores e assistência técnica sobre fatores de interferência no estabelecimento da lavoura de soja (Glycine max). As doenças que causam morte de plântulas e plantas jovens estão entre os principais fatores de origem biótica relatados. Sendo Phythophthora e Pythium os agentes causais detectados com maior frequência.

As lavouras também sofreram redução no estande por erosão, compactação e encharcamento do solo. Todas estas situações resultaram ressemeadura da soja, aproximadamente 10 a 20 % da área total, com relatos de produtores tendo que realizar a terceira semeadura em uma mesma área.

No primeiro decêndio de dezembro estão sendo observado sintomas atípicos em folhas unifolioladas (Figura 1) e, preferencialmente, em trifólios já expandidos (Figura 2). Os sintomas caracterizam-se por lesões necróticas nas nervuras centrais, pecíolos e eventualmente no limbo foliar (Figura 3). A distribuição ocorre de forma generalizada na lavoura.

Figura 1. Necrose de tecidos em folha unifoliolada.
Figura 2. Trifólios com sintomas de necrose das nervuras centrais.
Figura 3. Necrose em nervura e limbo foliar.

A sintomatologia é similar as lesões causadas pelo uso de alguns herbicidas residuais. Esta hipótese foi descartada pelo sintoma ocorrer em áreas com e sem a aplicação destes produtos. No entanto, foi observado maior severidade dos sintomas em plantas provenientes de lavouras já pulverizadas com glifosato em pós emergência da cultura. É importante ressaltar que pode ter correlação com outros produtos utilizados em mistura com o herbicida.

Foram acompanhadas lavouras do cultivar BMX Ativa, BMX Alvo, 95R51 e BRS 5601. Os tecidos injuriados foram examinados sob lupa binocular (40 x) não tendo sido observado frutificações de fungos patogênicos.

A injúria pode ser atribuída a temperatura registrada no decêndio. No dia 3 de dezembro a mínima foi de 9ºC (Figura 4). No município, temperatura inferior foi registrada pela última vez em 5 de outubro (INMET, 2018).

Figura 4. Temperaturas registradas de outubro a dezembro de 2018. Lagoa Vermelha – RS.

No próximo sábado, 8 de dezembro, a previsão do tempo indica mínima de 4º C para a região sul do país. Avaliações devem continuar nos próximos dias para confirmar esta hipótese.

José de Alencar

Lagoa Vermelha, 7 de dezembro de 2018.

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