Nabo como multiplicador de escleródios

O mofo-branco (Sclerotinia sclerotiorum) está entre as principais doenças da cultura da soja. Nas últimas quatro safras, a doença ocasionou dano superior a ferrugem asiática na região nordeste, campos de cima da serra do Rio Grande do Sul e planalto catarinense (José de Alencar, informação pessoal).

              O nabo (Brassica spp.) é considerado uma das principais espécies a disseminar e multiplicar a doença no Sul do país (Erlei Melo Reis; Ricardo Trezzi Casa). No entanto, a cultura está sendo difundida por suas características de ciclagem de nutrientes, ruptura de camadas compactadas do solo e rotação de cultura, tanto em cultivo isolado ou consorciado.

              O presente texto visa relatar a ocorrência da doença em restos culturais de nabo em lavouras de trigo (Triticum aestivum) no município de Espumoso – RS, mesorregião do Noroeste Rio-grandense, microrregião de Cruz Alta, 2021.

              Nestas lavouras, a doença foi observada pela primeira vez no cultivo da soja, safra 20/21. O estudo de caso é específico de quatro lavouras com amplitudes de 350 m até 430 m de altitude. O nabo foi utilizado como cultura na entressafra soja-trigo.

Para o parasistismo de escleródios foi utilizado duas aplicações de Trichoderma, primeira pós colheita da soja e segunda com nabo no vegetativo. O nabo em floração foi dessecado em pré semeadura do trigo, no sequencial de 2,4D + metsulfuron e cletodim. As vistorias a procura de plantas de nabo com mofo-branco aconteceram durante a fase de perfilhamento do trigo, no mês de julho de 2021.

Nas quatro lavouras observou-se plantas de nabo colonizadas pelo fungo, apresentando ou não escleródios. Tecidos sintomáticos, mas sem escleródios, foram submetidos a câmara úmida por 96 h, havendo o início da formação de escleródios. Relato similar foi descrito por Erlei Melo Reis et al. 2021 na região de Passo Fundo – RS, onde observaram a multiplicação do fungo em plantas de nabo roladas e dessecadas em pré semeadura do trigo, com renovação do banco de escleródios do solo.

Figura 1. Escleródios no sistema radical (esquerda) e crescimento micelial de Sclerotinia sclerotiorum em inflorescência (direita) em planta de nabo coletadas na entre linha de lavoura de trigo. Espumoso, RS. 2021.

O mofo-branco tem sido observado em plantas mortas de nabo dessecado e/ou rolado, com ou sem a aplicação de Trichoderma. A doença apresenta aumento de intensidade em regiões antes não consideradas ideais para ocorrência de epidemia (abaixo de 600 m de altitude).

José de Alencar1; Lara Ranzi2 e Michel Baroni1

1Fito Consultoria Agrícola Ltda; 2Comercial Agrícola Pazinato Ltda

Referência

REIS, E.M.; REIS, A.C. & ZANATTA, M. O nabo-forrageiro uma planta do bem ou do mal? Instituto AGRIS, Passo Fundo, RS. 2021.

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